As condições que acometem a tireoide são muito frequentes em meu consultório. As mais comuns são as doenças auto-imunes da tireoide – o hipotireoidismo e o hipertireoidismo – e também os nódulos de tireoide.
O hipotireoidismo é a falta do hormônio da tireoide na circulação; ou seja, quando a tireoide está trabalhando mais devagar do que deveria. Como mencionei antes, ele pode ser causado por uma disfunção auto-imune (doença de hashimoto), sendo essa a causa mais comum. Outra causa comum de hipotireoidismo é a cirurgia da tireoide; quando a pessoa tirou toda a glândula, ela sempre terá que repor o hormônio. Quando retirada apenas metade da glândula, a necessidade do tratamento pode ou não existir.
Os sintomas de hipotireoidismo são bastante subjetivos. Se confundem com outras condições e até mesmo com situações normais da vida. Um dos sintomas mais comuns de hipotireoidismo é o cansaço. Então imagine que, sendo o cansaço a queixa prevalente que é nos dias de hoje, algumas vezes pode ficar difícil diferenciar se ele vem realmente da tireoide ou não.
O exame de sangue acaba sendo nosso parâmetro mais objetivo para delimitar isso. Mas vale ressaltar aqui que é muito frequente vermos alterações leves nos exames da tireoide sendo hipermedicalizadas. Como especialista, meu papel é muitas vezes questionar se aquele tratamento está adequado ou não. Alterações discretas nos exames, na grande maioria das vezes, não representam de fato uma doença da tireoide e não necessitam de tratamento. O que quero dizer é que na investigação de muitas situações da tireoide vale o “menos é mais”.
Saiba que é mais difícil suspender um tratamento uma vez que ele é iniciado pelo efeito da inércia, principalmente se a pessoa não tem o acompanhamento regular com um médico de confiança. Antes de iniciar um tratamento ou investigação, sempre vale a pena ponderar com alguém que entende do assunto. Pode ser que a gente precise de tempo de acompanhamento para definir isso.
Ou seja, hormônios oscilam, uma medida em um ponto do tempo pode não ser suficiente para dar o diagnóstico e podemos precisar observar aquela dosagem ao longo de um período de tempo.
Isso também vale para os nódulos de tireoide – a observação ao longo do tempo pode clarear nossa impressão a respeito do nódulo e da nossa conduta. O diagnóstico de nódulos de tireoide está cada vez mais comum justamente por exames de rotina que são solicitados sem necessidade.
Lembre que a ultrassonografia de tireoide não é um exame de rastreio, ou seja, não deve ser solicitado para todos. Quando estamos diante de um ou mais nódulos de tireoide, antes de decidir se vamos seguir na investigação com biópsia levamos em consideração critérios relacionados ao exame de imagem (ultrassonografia) e também relacionados à história do paciente. Escrevi um pouco mais sobre nódulos de tireoide nesta postagem do meu Blog.
Outra questão que vale a pena mencionar é a relação da tireoide com o peso. Quando o hormônio da tireoide está em falta, de fato pode levar a um ganho de peso leve. Mas essa alteração não levará a pessoa à faixa da obesidade. Isto quer dizer que o hipotireoidismo nunca será considerado a causa da obesidade.
Essa expectativa muitas vezes é frustrada em consulta, quando o paciente vem procurando a causa específica do seu ganho de peso. Como menciono no tópico “Obesidade“, esta condição é multifatorial e muito mais relacionada à genética do que a qualquer alteração hormonal.
Por fim, suplementos e dieta específica para tireoide não existem. Sabemos que uma alimentação equilibrada e balanceada é importante para que a tireoide consiga fabricar seus hormônios normalmente. O nutriente mais relacionado à produção de hormônios tireoidianos é o iodo, ao qual temos acesso através do sal de cozinha. No Brasil, o sal é iodado por lei e nosso consumo de sal supre, na grande maioria das vezes, nossa necessidade de iodo diária. Suplementos de lugol, por exemplo, têm iodo em excesso e isso não é benéfico; pelo contrário, pode trazer um prejuízo permanente no funcionamento da glândula tireoide.
Bônus : se você usa o hormônio da tireoide (levotiroxina), neste vídeo do meu instagram falo sobre algumas orientações importantes para o uso correto desta medicação
O hipertireoidismo, que é o excesso de hormônios da tireoide, pode levar ao emagrecimento. A perda de peso é mais evidente quanto mais intensa for a alteração.
Do contrário, o hipotireoidismo não leva a um ganho de peso expressivo, no máximo um ganho de peso leve. Ou seja, hipotireoidismo não é causa de obesidade.
Cansaço, prejuízo no raciocínio, constipação, pele seca, queda de cabelos, ganho de peso leve.
Perda de peso, aceleração do coração (taquicardia), tremores, suor excessivo, insônia.
Este não é um exame de rastreio solicitado para todos. Converse com seu médico, que além de examinar sua tireoide, vai levar em consideração sua história clínica para tomar essa decisão.
Cursei Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina, concluída em 2012.
Em Porto Alegre, fiz minha residência em Clínica Médica no Hospital Nossa Senhora da Conceição. Em seguida, foram mais 2 anos de residência de Endocrinologia e Metabologia no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, concluída em 2018.
Desde então, busco me atualizar e me aperfeiçoar de forma contínua. Em 2022, concluí meu mestrado pela Universidade Federal de Ciências de Saúde de Porto Alegre.
Todo esse tempo de estudo e formação é colocado em prática no dia a dia, oferecendo o melhor atendimento aos meus pacientes, com muita atenção, sensibilidade e acolhimento.
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